Somos seres pensantes. Como tal, a todo o instante, acedem à nossa mente múltiplos pensamentos. Uns mais realísticos e plausíveis, coerentes, outros disparatados e improváveis. Não temos, em circunstâncias comuns e isentos de treinamento, capacidade de impedir o surgimento desta corrente de pensamentos. E isso faz de nós sujeitos passivos no campo da ideação? Não! Isto porque o pensamento/Cognição, neurológica e fisiologicamente, está interligado com as emoções/motivações/vontades do sujeito pensante. Ora, o que transtorna muitos dos meus pacientes não é propriamente o seu pensamento, mas sim quão importância dão ao conteúdo de cada pensamento, isto é, a ansiedade que gera, a tristeza que causa, a mágoa que irrompe e as memórias passadas que evoca. É como se entre o pensamento e a emoção devesse haver um filtro que seleciona o útil para a vida prática atual do indivíduo e o acessório que perturba e não acrescenta nada no presente. Por vezes este “filtro” está de tal modo “saturado” que deixa de filtrar corretamente. Essa “saturação” muitas vezes é gerado pelo stress, a correria do dia-a-dia, um “fazer” incessante sem parar para refletir, processar e armazenar os dados. Quando, em psicoterapia, se dedica tempo para essa reflexão e introspeção interna, através da força poderosa e organizadora da linguagem, o filtro limpa-se, clarifica-se, e nessa altura o paciente é detentor de Poder para Decidir se quer ou não “pré-ocupar-se” com dado pensamento. Torna-se, no fundo, livre! Nessa ocasião perceberá que tanto pode sentir angústia/medo/tristeza com um pensamento agradável como sentir alegria/entusiasmo com um pensamento negativo. Sinaliza que o paciente decide o que quer sentir perante dado pensamento. Desta forma o sintoma redime, a ansiedade diminui e a autoconfiança aumenta.