A obesidade emergiu como um dos problemas de saúde pública mais prementes e complexos do século XXI, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. Não mais restrita a determinadas regiões ou grupos demográficos, a obesidade é atualmente uma epidemia global que transcende fronteiras culturais, socioeconómicas e etárias. Além dos riscos físicos bem documentados, a obesidade também pode ter um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar psicológico dos indivíduos afetados. Nesta era de abundância alimentar e sedentarismo, a obesidade não é apenas uma questão individual de escolhas de estilo de vida, mas também um fenómeno influenciado por uma variedade de fatores ambientais, genéticos, sociais e económicos. A disponibilidade de alimentos altamente processados, ricos em calorias e pobres em nutrientes, juntamente com a promoção generalizada de estilos de vida sedentários, contribui para o crescimento desenfreado da obesidade em todo o mundo. Em muitos países, as taxas de obesidade atingiram níveis alarmantes. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que mais de 650 milhões de pessoas no mundo sejam obesas. Esta tendência é preocupante, não apenas devido aos riscos aumentados de doenças crónicas como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, certos tipos de cancro e doenças articulares, mas também devido à pressão significativa sobre os sistemas de saúde e as economias dos países. Os custos associados ao tratamento de condições relacionadas com a obesidade, combinados com a perda de produtividade no trabalho devido à doença, representam uma carga substancial para os sistemas de saúde e para a sociedade como um todo. Constatase também uma crescente preocupação com as consequências psicológicas e emocionais desta condição, que se manifesta nas seguintes dimensões: (1) baixa auto-estima e problemas de imagem corporal: indivíduos obesos muitas vezes enfrentam desafios em relação à sua auto-imagem e auto-estima. A sociedade perpetua, de forma exacerbada, estereótipos negativos em relação ao peso, o que pode levar a sentimentos de vergonha, culpa e inadequação. A pressão social para atender a padrões de beleza inatingíveis pode levar a uma imagem corporal distorcida e a uma visão negativa de si mesmo, para além de experiência de episódios de discriminação, bullying ou estigmátização social; (2) depressão e ansiedade: estudos têm demonstrado uma forte associação entre obesidade e transtornos mentais, como depressão e ansiedade. A obesidade pode desencadear ou agravar essas condições devido a uma combinação de fatores hormonais, psicológicos e sociais. A luta contínua com o peso, o estigma social e as dificuldades relacionadas à mobilidade e atividade física podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas depressivos e ansiosos. Adicionalmente, a depressão e a ansiedade podem levar a comportamentos alimentares desordenados, resultando num ciclo de ganho de peso e deterioração da saúde mental; (3) isolamento social e discriminação: indivíduos obesos, muitas vezes, enfrentam situações de discriminação e estigmatização em várias áreas da vida, incluindo no trabalho, relacionamentos interpessoais e acesso a serviços de saúde. Esta discriminação pode levar ao isolamento social, sentimentos de solidão e dificuldade em desenvolver conexões significativas com os outros. O estigma associado à obesidade pode despoletar um ciclo de exclusão social e marginalização, aumentando ainda mais o risco de problemas de saúde mental. Em jeito de conclusão, a obesidade não apenas representa um risco significativo para a saúde física, mas também pode ter consequências sérias para a saúde mental e para o bem-estar psicológico. É crucial abordar tanto os aspectos físicos quanto os mentais da obesidade para garantir um tratamento abrangente e eficaz. Com uma abordagem multidisciplinar e o apoio adequado, os indivíduos afetados pela obesidade podem melhorar sua qualidade de vida e alcançar um equilíbrio saudável entre corpo e mente.